Argentina - verão de 1998 - Escaladas no Cordón del Plata e Cerro Aconcagua

Era final de 1997. Passei a noite de Natal dentro do ônibus, rumo à Argentina. Chegando em Mendoza, fui para o Cordón del Plata, onde passei uns 5 dias sozinho, fazendo umas caminhadas curtas, me aclimatando e esperando pelo San (Alessandro Vilela), que ia sair do Brasil somente após o ano novo. Passei esses dias sem barraca, “bivacando”. No acampamento “Piedra Grande”, à uns 3600m, pude contar com um abrigo embaixo de uma pedra: um buraco apertado, mas suficiente para me proteger do tempo. Quando o San chegou (trazendo a barraca), subimos até o acampamento “Salto”, de onde começamos nossas escaladas:

- Rincón 5370m (Cordón del Plata, Argentina; 05/Janeiro/1998; via normal)
- Plata 6000m (Cordón del Plata, Argentina; 07/Janeiro/1998)
- Plata (cume nordeste) 5900m (Cordón del Plata, Argentina; 07/Janeiro/1998)
- Vallecitos (cume principal) 5500m (Cordón del Plata, Argentina; 09/Janeiro/1998)
- Rincón 5370m (Cordón del Plata, Argentina; 12/Janeiro/1998; via supercanaleta)

Após esses dias no Cordón del Plata, voltamos para Mendoza. O San voltou para o Brasil e eu me encontrei com Dimitri, com quem fui para o Aconcagua. Nosso plano era subir pelo glaciar polacos, via "diretíssima". No entanto, o Dimitri teve alguns problemas com a altitude e então acabei subindo sozinho pela via "normal":


- Aconcagua 6959m (Cordillera de los Andes, Argentina; 23/Janeiro/1998)




Foto: Cerro Vallecitos 5500m. A subida se faz pelo lado esquerdo, junto ao perfil da montanha com o céu.


Foto: Escalando o trecho final de acesso ao cume principal do Cerro Vallecitos (5500m). No cume encontramos um livro de registro das escaladas, que estava lá desde a primeira ascensão da montanha. Haviam poucas assinaturas no livro. A maior parte das pessoas sobem apenas o cume sul, evitando esse trecho de uns 50m de escalada em rocha que dá acesso ao cume principal.



Foto: Cerro Plata 6000m. À esquerda está o cume nordeste, com 5900m, e à direita está o cume principal, com 6000m. Subimos ao cume principal pelo lado direito (via "normal"). Depois cruzamos até o cume nordeste e, então, descemos pela face que aparece sombreada no centro da foto.


Foto: Alguns metros abaixo do cume do Cerro Plata estão os restos de um helicóptero que se acidentou tentando socorrer montanhistas.

Foto: Roberto Lacaze, no cume do Cerro Plata.


Foto: Cerro Rincón 5370m. Ao centro se pode ver a via "supercanaleta" e, à direita, fazendo o perfil da montanha junto ao céu, está a via "normal". Escalamos o Rincón primeiramente pela via "normal", para fazermos um reconhecimento da montanha. Alguns dias depois, escalamos pela via "supercanaleta" (e descemos pela via "normal").


Foto: Escalando o Cerro Rincón (5370m) pela via "supercanaleta".

Foto: Ao final da via "supercanaleta", enfrentando penitentes com praticamente a minha altura. Penitente é uma formação que se parece com uma agulha de gelo. Tínhamos que quebrá-los com as piquetas para conseguir passar.
Mas na verdade, a principal dificuldade que enfrentamos foram as inúmeras pedras que despencavam pela canaleta enquanto subíamos. Era uma loteria. O verão não é a época ideal para escalar esta via.


Foto: Cerro Aconcagua, com 6959m, a maior montanha das Américas. Essa foto mostra a face sul do Aconcagua, vista da entrada do Parque Nacional, no início da caminhada de aproximação.

Foto: Caminhada de aproximação, rumo ao acampamento base do Aconcagua.


Foto: Face oeste do Cerro Aconcagua (6959m), no pôr-do-sol. A via "normal" (face noroeste) segue pelo lado esquerdo, junto ao perfil da montanha com o céu.

Foto: Pôr-do-sol, visto do acampamento "Berlin", à 5950m de altitude.


Foto: Vista do cume do Cerro Aconcagua, à 6959m de altitude. Essa foto foi tirada do cume principal, olhando para o cume sul.


Texto e fotos: Roberto Lacaze


Para mais informações sobre estas escaladas veja também o link abaixo:
Cordón del Plata: Cerros Plata, Vallecitos e Rincón

4 comentários:

  1. Fala Roberto,

    Te conheço dos livros de cume do Andeshandbook....
    Essa minha fase inicial na alta-montanha (95-98) é nostálgica.

    Depois tive um Hiato, e voltei a viajar para a cordilheira em 2004 (Escalei umas cascatas de gelo alucinantes em Puente del Inca!)
    e fui ao Chile em 2005 (Atacama) e 2006 (Cerro Plomo).Ano passado fiz um cume invernal perto de Santiago.

    Em janeiro próximo pretendo ir ao Cordon del Plata e ao Lanin.
    Parabéns pela Supercanaleta do Rincon...é uma via arrojada...gostaria de tentar.

    Valeu! Sorte!

    Igor Cazés - RJ - Brasil

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  2. Legal Igor, agradeço seu comentário.
    E boas escaladas (sempre)!
    Abraço

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  3. AO AMIGO ROBERTO.
    GRANDES FOTOS. ESTOU ME PREPARANDO PARA IR AO CORDON DEL PLATA EM AGOSTO DE 2010.
    GOSTARIA DE ALGUMAS DICAS SUAS.
    A MELHOR ÉPOCA?
    EXISTE TRANSP. DE MENDOZA DIRETO OU TENHO Q CAMINHAR ATÉ A BASE ?
    TODA DICA SERÁ BEM VINDA, DESDE JÁ AGRADEÇO.

    e-mail: eloiramaral@bol.com.br
    orkut: eloiramaral@montanha.com.br
    UM GRANDE 2010 E MUITAS MONTANHAS

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  4. Olá Eloir,
    Estou agora viajando pela India e por isso demorei para responder.
    Bom, faz mais de 10 anos que estive no Cordon, e por isso minhas dicas devem estar um pouco desatualizadas. Mas naquela época tinha:
    - o ônibus, que te deixava no cruzamento com a estradinha que sobe à estação de Vallecitos (era um ônibus com destino à “Las Vegas”). Daí tem que caminhar uns 15km ou tentar uma carona.
    - ou então tinha que contratar um transporte para levar diretamente de Mendoza à Vallecitos.
    A primeira opção era muito mais barata, e é traquilo.
    Na rodoviaria de Mendoza havia (e acho que ainda há) uma oficina de informação turística, que pode ajudar bastante com as possibilidades de transporte, preços, horários e até de hotéis e pousadas baratas na cidade.

    Bom, se você está programando de ir em agosto, prepare-se para condições invernais. As vias normais do Plata, Vallecitos e Rincon são bem acessíveis até mesmo no inverno. E se você quiser por exemplo entrar na via supercanaleta do Rincon, o verão certamente não é a época ideal (pois cai muita pedra). Então aproveite!

    Abraço, e boas escaladas!
    Roberto Lacaze

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