Cerro Domuyo - Viagem de carro pela Argentina e Uruguai (Parte 10)

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No dia 12/01/2008 paramos nosso carro no final da estradinha de terra, onde começa a trilha que vai para o Cerro Domuyo. Havíamos passado o dia viajando desde Chos Malal, e agora no final do dia, uma vez que encontramos o acesso ao Domuyo, decidimos tentar subir a montanha. O Cerro Domuyo (também conhecido com Vulcão Domuyo, embora acredito que não seja um vulcão) é considerado por muitos a montanha mais alta da Patagonia, com seus 4700m de altitude (também pode-se questionar se aí já estamos na Patagonia ou não, pois tem gente que considera o início da Patagonia bem mais ao sul – mas tudo isso são só convenções definidas pelo homem, ou seja, não importa).

Não estávamos trazendo em nossa viagem nenhum equipamento de escalada em gelo e também não tínhamos nenhuma informação sobre a subida dessa montanha. No entanto resolvemos fazer a caminhada de aproximação e ir subindo até onde fosse possível sem o equipamento. Quem sabe, se não houvesse muito gelo, poderíamos chegar no cume. Caso contrário, era só voltar no momento em que nos deparássemos com alguma dificuldade. E ainda assim teríamos desfrutado a caminhada de aproximação e a bonita paisagem da região.

Então, nesse final de tarde em que chegamos no fim da estrada, que está à 2450m de altitude, montamos nossa barraca ao lado do carro e acampamos, preparados para iniciar a caminhada no dia seguinte. Cozinhamos lentilha para o jantar e fomos dormir.


O Cerro Domuyo (4700m), visto da estrada de terra que vai de Chos Malal rumo à Águas Calientes.


Acordamos às 8:00 no dia seguinte (13/01), desmontamos acampamento de partimos pela trilha rumo ao acampamento base da montanha. Na primeira hora de caminhada tivemos dúvidas em alguns momentos sobre qual caminho seguir, mas fomos indo pelo instinto. Em certo momento vimos que a trilha parecia continuar do outro lado de um rio com bastante correnteza. Então, tiramos os tênis, cruzamos o rio e seguimos buscando o caminho. Aos poucos a trilha foi se definindo e assim já não tivemos grandes dúvidas de para onde seguir. Conforme subimos pudemos começar a ver o Domuyo, que antes estava escondido pelas encostas do vale. No caminho passamos por vários lagos bem bonitos.

Chegamos no acampamento base depois de umas 4 horas de caminhada. Montamos nossa barraca e passamos a tarde descansando. O acampamento base está à 3100m de altitude. O sol estava fortíssimo e fazia calor. Mas no final da tarde, assim que o sol se foi, a temperatura caiu.


Na caminhada rumo ao acampamento base


Um dos vários lagos que passamos durante a caminhada rumo ao acampamento base. O Domuyo pode ser visto ao fundo.





No acampamento base do Domuyo, à 3100m de altitude.


No dia seguinte (14/01) acordamos às 8:00. Arrumamos as coisas e desmontamos acampamento sem pressa. Começamos a caminhar por volta das 9:30, subindo rumo ao acampamento alto, que está à 3800m de altitude. Fomos sem pressa e fizemos duas grandes paradas de descanso durante a subida. Levamos 5h 30min para chegar lá. O acampamento alto está atrás de algumas pedras. Montamos nossa barraca e passamos a tarde descansando e deixando o corpo se aclimatar à altitude. Passamos praticamente toda a tarde dentro da barraca, onde, devido ao sol forte, chegava a fazer calor. Um pouco desconfortável. Porém, fora da barraca o vento estava ainda mais desconfortável. No final da tarde cozinhamos “miojo”, jantamos e fomos dormir cedo.


Visual do acampamento alto


No acampamento alto do Domuyo, à 3800m de altitude.


Cozinhando no acampamento alto


No outro dia (15/01) acordamos quando já tinha começado a clarear e saímos às 8:00 para subir o Domuyo. A partir do acampamento, a trilha continua subindo pela aresta (na face sul da montanha) e em seguida faz uma diagonal para a esquerda, atravessando até um pequeno colo, de onde se tem pela primeira vez a vista para o outro lado da montanha (a face leste). Um pouco acima desse colo, chegamos até uma rampa de gelo. Foi 1 hora de caminhada do acampamento até esse ponto. A rampa era razoavelmente inclinada e o gelo estava bem duro. Com botas duplas e crampons seria uma subida bem tranquila. Porém, apenas com nossas botinhas de caminhada, o gelo estava bem escorregadio. Assim, achamos mais prudente desistir. Estávamos à uns 4200m de altitude. Nos escondemos do vento forte atrás de uma pedra e paramos para tirar algumas fotos e apreciar a paisagem, antes de começar a descer.


Vista do ponto mais alto que chegamos, olhando a face leste do Domuyo


O glaciar que desce pela face leste do Domuyo


Auto-foto, no ponto mais alto que chegamos, à cerca de 4200m de altitude. Ao fundo pode-se ver a rampa de gelo que nos fez desistir, por não estarmos trazendo botas duplas e crampons.


Vista do ponto mais alto que chegamos, olhando para o sul. À esquerda pode-se ver a aresta onde está o acampamento alto. A subida do acampamento alto até aqui é feita por essa face sombreada.


Visual


A descida até o acampamento alto foi rápida. Desmontamos a barraca, arrumamos nossas mochilas e continuamos a descida. Passamos pelo acampamento base, onde pegamos algumas pedras interessantes que havíamos encontrado e separado, e seguimos descendo pela trilha de volta até o carro. No final do caminho, novamente tivemos que cruzar o rio. Tiramos os tênis, metemos as pernas dentro da água gelada (na altura das coxas), atravessamos o rio e nos calçamos novamente. Mais alguns minutos de caminhada e logo chegamos de volta no carro. Eram 14:40. Arrumamos as coisas dentro do carro e partimos pela estradinha de terra. Foram uns 150km de volta até Chos Malal.


Na estrada de terra, de volta rumo à Chos Malal


Visual da estrada


Chegando em Chos Malal, acampamos novamente no Camping Municipal e tomamos um belo banho. No final da tarde saímos para comer uma pizza, telefonar para o Brasil, e depois tomar um sorvete.

No dia seguinte (16/01) deixamos Chos Malal e continuamos nossa viagem no rumo sul.

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Cerro Domuyo (4700m), Provincia de Neuquén, Argentina:


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